A VIDA DE MESTRE LANTO
Eu nunca quis os amores e as
paixões, que, além de violentar o espírito, também violentam a alma e despertam
desejos. Eu não quis porque sabia que amar, para mim, teria de ser algo
infinitamente mais profundo do que apenas conhecer a paixão do corpo, os
instintos que cada um pode perceber, pois até os animais copulam em busca do
prazer do sexo.
Eu quis o amor... O verdadeiro
amor.
E eu sei que nem sempre esse amor
é fácil de ser encontrado e partilhado.
E em meio a profundos
desencantos, segui por um caminho que não sabia onde me levaria. Sequer eu
saberia dizer a vocês por que o fiz. E à medida que caminhei, os meus sapatos
se romperam; e quando me vi descalço, me apercebi do tempo que tinha levado
nessa estrada sem destino. E sem olhar a minha aparência, sei que os meus
cabelos cresceram, que a barba apareceu no meu rosto, que havia pó debaixo das
minhas unhas, e que as vestes tinham se puído. Eu renunciei, sem saber que
estava renunciando. Tanto andei, que não tinha mais consciência dos meus
passos.
Há muito havia passado a sede, a dor em
minhas pernas, o cansaço nos meus braços.
Há muito havia passado também as
lembranças de minha casa, a lembrança do meu, meu, meu.... O que era meu?
Eu não tinha nada. Eu renunciei sem
saber a que, porque, se nada tinha, a que renunciei?
E quando no meu caminho vi muito
outros como eu, homens, que não tinham amado, que não tinham criado família,
que não tinham seguido os desafios do mundo da carne, eu me perguntava:
A que eu renunciei?
A que eles estão renunciando?
Quem são eles e quem sou eu?
Muito me perguntei. E muitas
vezes, quando a minha língua estava seca e nem uma gota de água eu sabia onde
encontrar, eu me perguntava: a que eu renuncio?
A quem eu deixo de falar, se a
minha mente é mais feroz do que um abutre?
A que verdadeiramente eu estou
renunciando?
Eu era muito jovem. Eu tinha um
corpo muito saudável.
E com este sentimento, pensando,
profundamente, na renùncia – uma renùncia que eu não escolhi, mas que veio
andando comigo, caminhando comigo – como eu transcorria. Aos mesmos passos que
eu andava, eu renunciava, sem saber que o fazia. E percebi que não renunciava,
mas que fugia. E percebi que, se calado eu estava, era porque não tinha com
quem conversar. E então, comecei a fazer o caminho de volta. O caminho de
vocês. O caminho de cada um de vocês. Eu fui voltando a ser homem. Fui voltando
a ter desejos. Fui voltando a ter sonhos, e não apenas aflições. Eu fui
voltando a ter sorrisos, e não apenas lágrimas.
Eu percebi que a maior renùncia,
a verdadeira renúncia é a das más qualidades.
Eu percebi que a vida não deve
ser renunciada e nem os prazeres esquecidos, porque eles voltam, com uma
voracidade tão grande, que podem me consumir ao invés de guarda-los em meu
bolso, puído e esfarrapado.
E, num dia de muito sol, senti o quanto eu estava
equivocado, dentro das minhas sombras, do meu orgulho, da minha pretensão e do
meu medo. E, nesse dia, a consciência da Chama Dourada caiu sobre mim, e na
minha frente apareceu um Mestre.
Ele era muito menor do que eu.
Fisicamente, era apenas um homem pequeno. Mas a sua Alma reluziu como reluzem
as grandes almas. E a isso o meu coração palpitou. E como se fosse um gongo,
uma campainha vibrou dentro de mim. E ele me disse:
- Quer ser Deus, meu filho?
E eu me espantei muito com aquela
pergunta. E eu respondi:
-
Sim!
Eu nunca havia pensado em ser
Deus, mas disse sim. Naquele momento, que pareceu horas, eu pensei: “Deus não
sofre, Deus não tem que ganhar a vida, Deus não tem que ter dinheiro, Deus não
tem que ter família, Deus não tem mulher, Deus não tem filhos... Eu quero ser
Deus!”
Ele olhou para mim, sorriu e me
disse:
-
Seja apenas
homem... Apenas homem!”“.
E com essas palavras, da mesma
forma que ele do nada surgiu, ao nada voltou. Eu não podia me apresentar
imundo, do jeito que estava em nenhuma cidade, porque assustaria não apenas as
mulheres que eu estava desejando no meu íntimo, mas também as crianças e os
cachorros. Quem iria ficar perto de um indigente imundo como eu estava?
E eu me banhei num rio. E as
águas antes claras – o rio era pequeno – ficaram imundas com a minha presença.
E ali mais uma vez abençoado pela Chama Dourada, este mesmo mestre apareceu,
flutuando sobre as águas, e ele me disse: - Você não que dificuldades?
E eu rapidamente, disse:
-
Não, não quero!
Por favor!
E eu pensei, naqueles segundos
que se passaram, nas muitas dificuldades que uma pessoa tem vivendo. Pensei nos
filhos, que respondem, nas doenças; e eu pensei nos mendigos, e disse:
- Não, eu não quero dificuldades!
E ele me disse:
-
Então, acaso, meu
filho, recusas à vida?
Eu não compreendi. Mas tão
aturdido estava, lavando-me, livrando-me dos piolhos, tirando de mim mesmo uma
aparência que eu não tinha, que não o vi desaparecer como da primeira vez. E
assim, limpo, eu continuei caminhando. Como não podia cortar os meus cabelos eu
os prendi nas costas. E andei com o desejo de não mais ferir os meus pés.
Andei, esperando que alguém de boa vontade me desse uma roupa, uma túnica, para
que eu pudesse novamente apresentar-me na sociedade.
E numa noite, quando eu não tinha
o que comer, de novo ele veio, e das suas mãos surgiram biscoitos, os mais
deliciosos que eu já havia comido. E ele disse:
-
Lembras da tua
mãe?
E eu lembrei da minha mãe.
Lembrei da humanidade da minha mãe. Lembrei dos erros da minha mãe. Mas isso
fazia tanto tempo, que lembrei também dos acertos. Eu lembrei do aroma da
comida dela, eu lembrei do carinho. Eu lembrei que ela me deu o corpo, que ela
me emprestou a chance de viver. E eu disse:
-
Sim! Perdão,
mestre. Perdão, porque eu quis fugir, por ser incapaz de amar. Perdão, porque
eu quis transformar o mundo, ao invés de me transformar. Perdão, porque eu quis
ser mais o outro... um outro que eu criei para mim, do que eu mesmo. E ele me
disse:
-
Percebes, que traístes a ti mesmo?
E aí as lágrimas vieram aos meus
olhos, e eu não pude mais conter. E, mais uma vez, pedi perdão... Perdão por
fugir, perdão pela minha falta de coragem, pela minha falta de Fé... Perdão por
ter sido tão pouco, e não ter desejado, ter aceitado ser homem!
E, num gesto de luz, ele me tocou
e eu me vi vestido com as mais belas vestes. Uma túnica dourada, enfeitada de vermelho.
Eu parecia um rei. Eu me sentia um rei. E dos meus cabelos lavados, e ainda
empoeirados da estrada, ele fez uma trança. E me disse:
-
Você é o seu
único poder!
-
Você é o seu
único amigo!
-
Você é a sua
única força!
-
Você é Deus!
E, quando ele tocou o meu
coração, eu me senti como o próprio Deus. Aquele no meu caminho era a expansão
do próprio mestre Buda. E ele disse que, quando eu estivesse velho, eu seria,
também, um Mestre. Mas que, antes, eu precisava ser Homem.
E contando a minha história, eu
digo a vocês, que foi muito, muito mais difícil, ser homem, aceitar a minha
humanidade, aceitar os meus desafios, aceitar as minhas más qualidades para
transforma-las. Tudo isso foi muito mais difícil do que me tornar um Mestre.
Hoje, eu sou Lanto... Mas eu já fui
homem, eu já fui sombra. E venho, como o meu nobre amigo disse, incentivando
vocês a plantar as suas maçãs. Sugiro, meus filhos: vivam como nobres... Nobres
almas, nobres destinos, nobres esperanças, para um mundo de realizações.
Aceitem ser homens, para se tornarem mestres!
Esta é a minha mensagem.
Coragem, aventura, amor, expansão
da luz e dignidade!
A CHAMA AMARELA – SEGUNDO
RAIO (Alegria do Saber)
Mestre: Kuthumi, Lanto, Buda
Características: Sabedoria, Alegria, Ação
Elohim: Cassiopéia/Minerva: Ensinam a fazer uso da Sabedoria
Arcanjo: Jofiel/Constantina: Iluminação
Características: Portador da luz
Local: Vale cercado de flores/Luz do sol
Energia da Chama: Entrar em contato com a sua sabedoria
Mensagem recebida em 20 de outubro de 1999.
Livro: Os Setes Mestres. Suas Origens
Criações. Ed. Madras.
Maravilhoso!
ResponderExcluirObrigado GDOC.
ResponderExcluirLinda e animadora mensagem, mostrando que os Mestres Ascensionados também passaram por problemas que hoje estamos passando, e que conseguirem superá-los. Devemos nos lembrar disso e ir fazendo o nosso melhor para irmos sanando uma por uma as dificuldades que nossa personalidade enfrenta. Grata, Sueli por postar essa mensagem.
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